
Taiguara
Neto de maestro e filho do bandoneonista Ubirajara Silva, Taiguara Chalar da Silva (1945- 1996) nasceu em Montevidéu, no Uruguai e a partir dos 4 anos radicou-se no Rio. Mas começou a carreira nos shows do colégio Mackenzie e no teatro de Arena, ambos em São Paulo (onde também debutava Chico Buarque, da vizinha FAU) em 1964.
Engajado na ala paulistana da bossa nova, acantonada no João Sebastião Bar, de Paulo Cotrim, ele atuou ao lado do Sambalanço Trio de Cesar Camargo Mariano e Airto Moreira e estreou em LP aos 19 anos, com arranjos de Luis Chaves, baixista do Zimbo Trio. "Senti como orquestrador que esse jovem tinha na voz um verdadeiro instrumento", elogiou Luis Eça, do Tamba Trio, na contracapa. Mas a voz melodiosa com um vibrato metálico, acabou levando a outros rumos o compositor, que estreou no balançado "Samba de Copo na Mão". Depois de disputar vários festivais também com músicas alheias ("Modinha", de Sérgio Bittencourt, "Não se Morre de Mal de Amor", de Reginaldo Bessa) estourou a partir de 1970 com baladas de próprio punho entre a sensualidade e a jovem rebeldia como "Hoje", "Universo do Teu Corpo", "Viagem", "Geração 70", "Teu Sonho Não Acabou", "Que as Crianças Cantem Livres". A permissividade poética em sintonia com a era do desbunde atraiu a atenção da Censura que começou a vetar em massa suas letras, o que o levou a um auto-exílio londrino.
Mas a perseguição do regime não o impediu de gravar discos de alta densidade instrumental como "Imyra,Tayra, Ipy, Taiguara", em 1976 (com Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Wagner Tiso, Jaquinho Morelembaum) e mesmo os anteriores "Taiguara, Piano e Viola" (1972) e "Carne e Osso" (1971). Nos 80, tornou-se discípulo político do lider comunista Luis Carlos Prestes para quem compôs "O Cavaleiro da Esperança". Empreendeu uma volta às origens em "Canções de Amor e Liberdade" (1983), misturando o bandoneon do pai à harpa paraguaia e ao chamamé fronteiriço. E no CD final, "Brasil Afri" (1994) rebuscou-se em "Menino da Silva" e "África Mãe".

A very popular artist in the '70s in Brazil, Taiguara is still remembered affectionately for his sensitive interpretations (for successes like "Helena, Helena, Helena" and "Modinha") and compositions like "Hoje," "Universo do Teu Corpo," and "Viagem."
Taiguara came to Brazil at four with his family and they settled first in Rio and then in São Paulo. He debuted as a singer in university festivals when he was a law student. Abandoning the course, he joined the Sambalanço Trio in 1964. Taiguara recorded his first LP the next year. From 1966 on, he became more known for his participation in historic festivals. In 1966, he interpreted "Não de Morre de Mal de Amor" (Reginaldo Bessa) and "Chora, Coração" (Vinícius de Moraes/Baden Powell) in the I FIC (International Song Festival). In the next year, he presented his songs "Eu Quis Viver" (with Cido Bianchi) and "Cantar" (Roberto Menescal) in the I FIC. In 1968, he won first place in two festivals: the Brasil Canta festival with "Modinha" (Sérgio Bittencourt) and the II FMPB (Brazilian Popular Music Festival) with "Helena, Helena, Helena" (Alberto Land). In 1970, he recorded Viagem, with the title track ending up as one of his biggest hits. Having political problems with the military dictatorship in Brazil, Taiguara departed for a stay of one and a half years in London, England (where he recorded an album). Upon his return, he began a collaboration with Hermeto Pascoal in experimental projects as an orchestrator. The partnership yielded the LP Imyra, Tayra, Ipy -Taiguara (1975). Due to problems with censorship, he credited several of his songs to his wife, Gheisa Chalar da Silva.